quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Sonha o casamento

Seguíamos juntos cortando ao meio verdes campos, atravessando a luz de uma manhã ensolarada. Dentro do carro eu dirigia pela estrada vermelha enquanto você cuidava de um incômodo mal estar. Não sei bem quanto tempo levamos inaugurando essa manhã, mas de súbito o ambiente a nosso redor ganhou cores carregadas e uma grande nuvem de solidão parecia acompanhar nosso trajeto, cujo destino final desconhecíamos. Estávamos sozinhos, num meio de transporte onde caberiam mais 40 pessoas, e isso reforçava o fato de estarmos apenas os dois naquele espaço. Não havia motorista, nada havia além de nós. A máquina seguia sozinha e parecia nos levar ao vazio. O ar era pesado e já não nos olhávamos nos olhos. De repente, no meio da noite, uma parada. A máquina deu um jeito de estacionar-se. De fora, parecia ainda mais estranho que estivéssemos certos de chegarmos a algum lugar. Dessa certeza, fomos exilados.
A grande máquina que nos conduzia desprendeu-se de uma pedra, ou do próprio mundo, e seguiu velozmente escuridão a dentro. Ficamos sós na noite vazia.